sexta-feira, 15 de julho de 2011

De casa, 15 de julho de 2011

Olá,



Eu acordei pensando no tempo, como acontece tantas coisas, alegres e tristes, envelhecemos, construimos, nos perdemos, nos encontramos, mas, por dentro, continuamos as mesmas pessoas. O espelho é nossa única referência...
Minha vida toda eu sonhei com independência, ser a dona da minha vida, a única responsável pelo que coloco à mesa. No fundo sempre tive um grande medo de não conseguir. Fui criada com a imagem de um provedor macho, fui ensinada assim.
Por isso, em 1994, quando consegui meu primeiro emprego (antes tarde do que nunca, rs), fiquei muito confiante no futuro. Eu sabia que iria acabar sozinha, era meta de vida.
Quando enfim me separei enfrentei um batalhão de neuroses, desde as mais simples, como não saber dormir e acordar sozinha, até o pavor de não conseguir colocar comida na mesa.
Mas consegui...Cresci.
E em 2003, quando consegui meu segundo trabalho, numa das noites em que esperava ônibus para ir para casa, eu reencontrei você. Foi maravilhoso e assustador. Fiquei paralizada, literalmente. Você não deve ter entendido nada, mas jamais passou pela minha cabeça te ver ali e quando parou perto de mim, eu surtei...Fiquei dias e dias envergonhada de minha atitude. Te ver me deu ânimo para continuar tentando conquistar meus sonhos.
E, enfim, em 2007/2008, pela primeira vez passei a tomar conta sozinha da minha vida, sem depender de mais ninguém. Eu explico: Recebia uma ajuda financeira de um ex e consegui, a partir dali, não contar mais com ela. Passei a ser minha única provedora. Parece bobeira, mas foi a melhor sensação da minha vida. Eu tinha a necessidade de provar para mim mesma que conseguiria, e consegui.

Bom, hoje sei que posso qualquer coisa. Lanço meus escritos, livros, trabalho com o que gosto e sei onde você está. Eu lembrava de você mas sem saber direito onde estava, se era feliz ou não. Hoje sei onde vive e sei que é feliz. Isso me basta. Posso dizer que sou feliz também.
Bom, a gente se encontra de vez em quando, em ocasiões nada agradáveis, nos funerais, como dois velhos parentes...Mas a vida não é isso? A preparação para os funerais...

Mas, (bate na madeira) preciso acreditar que teremos outros motivos para nos vermos que não esse...

Até a próxima carta,

Da sua

G

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